Saturday, August 28, 2004

Plenitude

Hoje o dia está bonito
E há tempo pra magia

Agora o dia é azul
E por um infinitésimo de segundo
De um tempo que é outro tempo
É possível esquecer o mundo dos homens

Amanhã eu volto à luta
A discutir com os editoriais

Mas hoje o mundo, que não é este, está bonito
E só posso, apesar do cinza que pressinto, ser feliz

Sunday, August 22, 2004

(Sem título)

Escrevo de noite -
Lá fora, não há luz

Escrevo a noite -
Cá dentro, não há noite

Lá fora, as luzes piscam -
Cá dentro, não há brilho

Brilham as frontes de noite
Brilha o ar - açoite

Não há noite lá fora
Não há brilho agora

Não me escondo mais, se escrevo,
Não procuro mais...

Não tenho, não vivo, não penso
Se um dia me encontrares não serei mais eu

Se um dia procurares
Só o dia serei eu

Um dia, um poema, uma noite,
Um zelo que guardo por ti

Uma vida nunca será o bastante,
Uma vida será o que nunca vivi

Luzes que vagam
Vaga-lumes que somos

Um dia vamos estar
Um dia seremos nós

Wednesday, August 18, 2004

Canto Triste

E mataram nossos sonhos
no útero dos corações

Os sonhos agora são outros
efêmeros como ferrões

E mataram nossos sonhos
- já não sabemos sonhar

E mataram nossas almas
e já não sabemos do mar