Eu sou um aleijado
Asas, faltam-me asas
Alma, falta-me a alma
Eu sou um mutilado
Falta-me o sorriso de criança
Estirpado por algum bisturi
Eu ando apoiado em muletas
E tomo quilos de neosaldina
Pra aliviar a dor
Eu vivo como quem perdeu o coração
Ou, pelo menos, seus batimentos mais simples
Como quem faz hemodiálise
De lembranças...
Eu sou um aleijado
Sonhos, faltam-me os sonhos.
Saturday, April 23, 2005
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15 comments:
Um passo de sonho aqui para vc. Bom sábado. Beijo.
O que te falta de sonhos, sobra em palavras que emocionam.
BJ.
Cortes...
Li e reli seu poema. Velha mania essa de ler e reler... e de associar a outras leituras...
Me lembrei do Chico - "inútil dormir que a dor não passa" - que coisa...
Depois lembrei de uma frase que eu gosto muito - do Neruda - "Todos os caminhos conduzem ao mesmo objetivo: comunicar aos outros o que somos. Devemos atravessar a solidão e a dificuldade, o isolamento e o silêncio, a fim de chegar ao local encantado onde podemos dançar nossa dança desajeitada e cantar nossa canção melancólica – mas nessa dança ou nessa canção são cumpridos os ritos mais antigos de nossa consciência, na percepção de sermos humanos e de crermos em um destino comum."
Acho que esse comentário ficou longo demais, mas suas palavras me provocam um turbilhão de sentimentos.
Obrigada por isso...
Beijos
Passa lá no consultório! ;-)
Um abração!
A constatação da falta de sonhos sempre dói muito... estes "Cortes" hoje me deixaram mais carente de sonhos e paixão...sem isso me falta a vida!! (Não há neosaldina no mundo que alivie essa dor)
Beijos doloridos, meu poeta!!
Sensações tão estranhas,essas de vazio e insignificância que temos ás vezes.Como se o tudo fosse nada alem do nada...não é mesmo!?
beijos!
"hemodiálise de lembranças": boa imagem. os batimentos mais simples do coração, a perda da inocência, ou do maravilhamento. o que fazer quando nada mais é novo? como diz o velho bigode "você que é muito vivo / me diga qual é o novo." as vezes dá vontade de falar "alguém me surpreenda pelamordedeus..."
forte abraço.
"Socorro, não estou sentindo
nada
Nem medo, nem calor, nem fogo,
não vai dar mais pra chorar
Nem pra rir
Socorro, alguma alma, mesmo
que penada,
Me empreste suas penas
Ja não sinto amor nem dor,
Ja não sinto nada
Socorro, alguem me de um
coração,
Que esse ja não bate nem apanha
Por favor, uma emoção pequena,
Qualquer coisa
Qualquer coisa que se sinta,
Tem tantos sentimentos, deve ter
algum que sirva
Socorro, alguma rua que me
de sentido,
Em qualquer cruzamento,
Acostamento,
Encruzilhada,
Socorro, eu ja não sinto nada
Socorro, não estou sentindo
nada
Nem medo, nem calor, nem fogo,
Nem vontade de chorar
Nem pra rir
Socorro, alguma alma, mesmo
que penada,
Me empreste suas penas
Ja não sinto amor nem dor,
Ja não sinto nada
Socorro, alguem me de um
coração,
Que esse ja não bate nem apanha,
Por favor, uma emoção pequena,
Qualquer coisa
Qualquer coisa que se sinta,
Tem tantos sentimentos, deve ter
algum que sirva
Qualquer coisa que se sinta,
Tem tantos sentimentos, deve ter
algum que sirva"
Socorro, Arnaldo Antunes, Alice Ruiz
O poema fala de coisas que faltam. Fiquei lendo e pensando no que sobra em você: talento.
Viajante de blogs, fiz uma parada aqui e amei. Volto sempre. Um abraço.
Uma otima semana pra vc
bjaoooooo
Be
http://anjinha.betiza.zip.net
Ricardo,pode faltar tudo, menos os sonhos. Os sonhos naunnnnnnnnnnnnnnn. Não deixe que eles morram. Ah não! Não deixes. Um beijo.
Anne.
Sua alma de poeta captou o real sentimento, sem sonhos, n somos completos, n caminhamos, nos arrastamos....aleijados.
bjos
"Eu vivo como quem perdeu o coração
Ou, pelo menos, seus batimentos mais simples
Como quem faz hemodiálise
De lembranças..."
Olha a força dessas suas palavras, Ricardo... Lendo-as, eu sei que a poesia não te falta. :-) Beijo.
Olá!
Que lindo1
Sabe o que é necessário nessas horas? Transfusão de carinho.. se precisar tô aqui!
Bjão
Sabe, Poeta... Fiquei aqui... Mergulhada dentro do seu poema tentando nadar por cada curva que existe nas letras que tão bem falam dos "Cortes" que as vezes sentimos que 'nos' fazem. Fiquei aqui admirando, focalizando o meu Eu para dentro de seus sentimentos/letras na possibilidade de compreensão dos meus. Não faltam os sonhos, mas ilustrou muito bem essa falta, porque quando nos tiram algo levam também os sonhos! Um beijo!
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