Saturday, December 23, 2006

Pequenos Milagres

Minhas palavras não guardam mistérios
Nenhuma essência por trás do opaco

E, no entanto,
Tentam agarrar milagres

Sentidos que empresto
Ao eterno retorno do teu sorriso

Saturday, December 16, 2006

FALTA

Alma
Ar
Linha da vida
Mão pequena
Dedos finos
Meu sorriso

Palma
Par
Vinho tinto
Pele alva
Lábios vivos
Eu menino

Falta
Faz
E sempre fará
A coragem que não tive

Monday, November 06, 2006

Lugar Comum

O que desejo para nós
É um lugar comum
Nem mais nem menos
Que tempo já não temos

O que desejo para ti
É uma alegria besta
Mesmo com tantos literatos
De quinta e sexta

O que desejo para mim
É fim de comédia romântica
Que pra quem ama
Melhor que Greenaway é um belo drama

O que desejo, enfim
É passeio de mãos dadas
Em quinta ensolarada
Bola colorida e dragão chinês

O que desejo pra vocês
É ver de boa vista
Simples vôo de isopor
Levando meus humores para além do seu pudor

Saturday, November 04, 2006

Anatomia

Ar te faço
E te respiro
Te processo como posso
Enquanto escapas dos meus olhos

Meu olfato denuncia
A perfeição desse teu nome
Cujo toque me remete
Ao colo úmido de Iemanjá

Onde repouso minha mente
E o cansaço de te amar
Me faz de novo semente
De um caminhar imponderável

Saturday, October 07, 2006

Ainda Torto

Escrevo-me e reescrevo-me
em cada verso que sangra surdo
dentro de mim
ou brota líquido do meu olhar
Um poeta não se faz com versos

É o risco de se desconstruir
e reinventar a cada salto
no escuro e sem rede

Pois sobre viver e sobre escrever
de cachorros vivos ou mortos
mais vale a mais valia da ironia

Poesia, vida
Ao que parece não há

Onde a saída?
Pra mim chega!

Sunday, July 09, 2006

Orbitais

Todo amor é para sempre
Ainda que relações acabem
E sejam muitos os amores
Pois todos os amores são para sempre

Todos os encontros são reencontros
Ainda que inaugural seja a fagulha
E único seja o encontro
Pois todo encontro é reencontro

E essa luz que cega e atrai
Não é senão trança
De mil fiapos de brilho

Fiapos de estranhos movimentos
Em que orbitamos uns aos outros
Da gravidade ao infinito

Tuesday, June 13, 2006

Amores Líquidos

Amo-te em todos os meus amores
E todos os meus amores brilham no teu olhar

Todos os gostos que provei
São um
E uno é o beijo que a tantas te dei

Múltiplo entrelace
Pernas, braços e almas
Canto daquilo que nunca se consome
Mas que ama
E cujo único epicentro é o amor
Múltiplo, uno e intenso

Leves sejam nossas almas líquidas
Que transbordam de nós
Por tanto amor

Saturday, February 11, 2006

Pequenos Infinitos

Me diz agora o que é que eu faço
desse meu amor
Como é que eu volto pra casa
Se minha casa agora é você
O que eu faço da minha história
e da tua dor
E de todos esses lugares comuns
de poesia pequena
de poeta pequeno
Lugares de tempos incertos
e almas errantes
Que sopram em meus ouvidos
estranhos vôos não autorizados