Saturday, April 02, 2005

Remendos do Dia

Queria devolver tua alma
E fingir que nada de teu ficou em mim
Nem esse cansaço de me saber covarde
Nem essa dor de me fazer algoz

Queria devolver tua alegria
E fugir, que nada de meu ficou em ti
Nem esses olhos que te sabem frágil
Nem essas asas que te cortam a carne

Mas o mundo me chama
E o mal está feito...
E nem mil remendos
Consertariam o dia estilhaçado

13 comments:

Anonymous said...

Nossa, viagei lendo esse poema....
Um otimo final de semana pra vc...
bjao

Be

http://anjinha.betiza.zip.net

Anonymous said...

O poema é lindo, de verdade verdadeira, agora acho que para tudo há conserto, menino! Mesmo para uma alma em pedaços. É só querer, é só querer...
Beijos e vendo bem, acho que nunca te linkei, que vergonha a minha, logo um dos meus mais queridos poetas.Desculpas! Bjusssss e bom fds.
Anne.

Anonymous said...

"E fugir que nada de meu ficou em ti, para fingir que nada de mim... creio haver um erro de digitação ou não????? Bjusssss
Anne

Anonymous said...

Queria te entregar a esperança que esses remendos me devolveram... Beijos!!

Neysi said...

O dia estilhaçado não tem conserto, mas depois da noite, que parece enorme, surge outro novinho em folha. Beijo, é lindo o poema!

Anonymous said...

O desafio diário é se dar ao luxo de construir com os estilhaços ,um mosaico que tenha o gosto e o encanto do quadro original, e que principalmente não corte os olhos. Mas, assim é a vida, poeta, às vezes surgimos do barro, e outras de estilhaços esperançosos.

Anonymous said...

Certas coisas depois de despedaçadas, estilhaçadas, não voltam jamais...pena
bjos

ideiasaderiva said...

Achei bem legal o texto. Forte... Gostei do "dia estilhaçado". Faz pensar no que resta de um dia desses... talvez, um quebra-cabeça... e qual o caminho que fica depois disso? montar o quebra-cabeça...

"praquele" se quebra no momento seguinte. (Viajei.)

Gostei principalmente pela dor e por escapar (pelo menos, um pouco) do melodrama banal.

Abraço.Max

Anonymous said...

Ando meio esvaziada de palavras, mas deixo meu beijo, imenso e carinhoso beijo...
Míriam Monteiro - Meu Porto

virna said...

uma frase de caio fernando abreu: "ninguém atravessa incólume o círculo magnético de um outro". pode-se devolver os objetos mas não as coisas que restaram em você, do outro. achei bonito essa analogia de "devolver a alma". o mundo nos convida a prosseguir, apesar dos estilhaços.
um beijo,
virna

Anonymous said...

A alma, mesmo que não se estilhace como o dia, jamais é a mesma depois de amar, ou depois de um adeus. O dia, então, com um adeus na alma, é estilhaçado... É lindo isso, essa tristeza poética, essa tua força literária que nos faz meio que sermos a/o protagonista da tua poesia. Beijo Ricardo, por esse talento em es/trans/crever.

Anonymous said...

Esse poema me tocou de um jeito especial...
Lembrei do Drummond, em Resíduo: "de tudo fica um pouco"...

Tenho pensado muito nos "remendos" que tentei fazer pelo caminho... e que foram inúteis...

Seus versos encantam...

Um beijo,
Margarida

Anonymous said...

Amei todas as poesias, mas esta é maravilhosa!Ficaria a tarde toda lendo e relendo... "Mas o mundo me chama."

Beijinhos...